Perdeu o emprego

Recentemente tive a oportunidade de trocar algumas ideias com a gestora de uma empresa de Outplacement. Meu objetivo era entender quais são, além da busca por recolocação, as principais preocupações dos clientes que a contratavam. A conversa resultou em uma parceria para que eu fizesse uma apresentação para um grupo específico com dois objetivos principais. Ajudar os participantes a ter um Planejamento Financeiro de Longo Prazo mais organizado e prospectar novos consultores para a OTB Invest.

 

Por experiência própria, sei que esse momento de recolocação é muito sensível. Grande parte do sucesso nesse processo está diretamente ligado à nossa capacidade de não se deixar abater. E acredito que a questão financeira tem um papel fundamental nisso. Afinal, é muito mais fácil superarmos esse “caos” momentâneo se tivermos condições de manter o mesmo padrão de vida de antes.

 

Mas quais são os principais riscos aos quais estamos sujeitos quando perdemos um emprego formal?

 

DESORGANIZAÇÃO FINANCEIRA

 

Acredite. A maioria das pessoas não sabe exatamente quanto gasta mensalmente e tem apenas uma vaga noção do seu salário líquido. Se ter essas informações já é muito importante quando temos um salário garantido no fim do mês, imagine quando o dinheiro para de cair na conta. Se você não tem esse controle, comece-o já. Não importa se será uma planilha, um aplicativo, um caderninho ou um pedaço de papel de pão (entreguei a idade agora, né?!). Escolha uma ferramenta que faça sentido pra você e passe a registrar tudo que puder. Seus extratos bancários e faturas de cartão de crédito serão excelentes pontos de partida. Liste as receitas e despesas fixas e variáveis. Analise quais despesas podem ser cortadas (dicas: TV a cabo, telefonia móvel, refeições fora de casa, Uber e afins, etc). Identifique fontes alternativas de receita e as “tranqueiras” que você não usa mais e podem ser vendidos – lembra daquela esteira que você comprou pra ficar em forma pro verão de 2015? Pois é…

 

RECOLOCAÇÃO PROLONGADA

 

Mesmo quem tem uma reserva de emergência pode ter dificuldades caso leve muito tempo para voltar ao mercado. Monte seu fluxo de caixa e faça os ajustes necessários para prolongar ao máximo as suas economias. Prepare-se para o pior enquanto corre atrás do melhor.

 

INVESTIMENTO INEFICIENTE DE POSSÍVEIS INDENIZAÇÕES

 

Apesar de impactante, este é um risco que costuma ser negligenciado. Fazer suas economias trabalharem por você gerando uma renda adicional minimizará bastante os efeitos dos riscos 1 e 2 listados acima. Reavalie o seu perfil de investidor. Produtos mais conservadores e de menor risco talvez sejam mais adequados para evitar perdas no curto prazo. Procure diversificar bastante a sua carteira tanto em relação a produtos quanto a jurisdições. Manter parte do dinheiro fora do país reduz a exposição ao risco Brasil. Fuja das corretoras de bancos de varejo – custos mais altos, menos opções e rentabilidades mais baixas. Tome cuidado com o efeito manada – um investimento não é maravilhoso só porque estão todos falando dele. Seja muito criterioso nas suas escolhas e procure um especialista se tiver dúvidas.

 

PERDA DE BENEFÍCIOS

 

Isso dependerá muito do pacote oferecido pela sua antiga empresa, mas as perdas que, em geral, trazem mais riscos são as do plano de saúde e do seguro de vida.

 

O risco atrelado a perda de um plano de saúde é mais palpável pois todos conhecem a qualidade da saúde pública e os custos da saúde privada no Brasil. Um bom plano de saúde traz muito mais tranquilidade e segurança pra família. O problema é que, por terem uma regulação da ANS muito mais rígida, os bons produtos para PF praticamente já não existem mais no mercado doméstico. Se você tem um antigo, procure não abrir mão dele. Mas se tinha apenas o da empresa, a opção após a saída é contratar um plano por adesão. Esses produtos, além de caros, costumam ser reajustados sem regras claras e podem não ser renovados caso a seguradora considere que a sinistralidade aumentou demais. Existem, entretanto, opções de seguros mais baratos que cobrem apenas grandes eventos de saúde. Ele não pagará suas consultas e seus exames rotineiros, mas cobrirá qualquer gasto hospitalar por exemplo. A ideia aqui por trás é minimizar o impacto no caixa de curto prazo sem afetar a proteção contra tratamentos mais caros. E lembre-se: seguros e planos de saúde só são contratáveis quando temos dinheiro e saúde (carências muito longas ou ausência de cobertura para doenças pré-existentes).

 

O caso do seguro de vida é menos palpável, mas tão importante quanto. A função principal do seguro é garantir proteção à família na nossa ausência. Porém, como nós mesmos não usufruímos dos seus benefícios e eles sempre foram muito mal vendidos no Brasil, suas vantagens foram mascaradas ao ponto da maioria das pessoas não querer nem ouvir falar do produto. Seguros de vida podem ser também excelentes ferramentas de proteção patrimonial e geração de liquidez. Seguros resgatáveis, por exemplo, atendem dois objetivos principais. Dar segurança aos familiares que ficam no caso de uma morte prematura e garantir recursos para a aposentadoria no caso de uma vida longa. Existem inúmeras opções nos mercados doméstico e internacional. Recomendo, portanto, que, dentro do seu planejamento financeiro, avalie a contratação de um seguro que caiba no seu bolso e atenda às suas necessidades.

 

A fase entre empregos realmente não é fácil, mas, como vimos, existem formas de tornar este período menos angustiante. Dessa forma você poderá concentrar-se no que realmente fará diferença para voltar ao mercado.

 

Se teve dúvidas ou precisa de mais informações, não deixe de me chamar.

 

Grande abraço,

 

Thiago David